segunda-feira, 11 de maio de 2009

O Livro dos Mortos


O Livro dos Mortos, ou Peri Em Heru "Livro para sair ao dia", é um texto funerario composto por um conjunto de fórmulas mágicas ou sortilegios, rau, que ajudavam ao difunto, em sua estância na Duat (inframundo na mitología egípcia), a superar o julgamento de Osiris, e viajar ao Aaru.

A redação do Livro dos Mortos data-se durante o Império Novo, ainda que para encontrar suas origens teríamos que remontar aos Textos das Pirâmides do Império Antigo que evoluiu posteriormente nos Textos dos Sarcófagos do Império Médio.

Estas sucessivas transformações implicam que esta coleção heterogênea de fórmulas contenha textos funerarios de todas as épocas da história do Egito. Destacam três versões diferentes do Livro dos Mortos, que foram se sucedendo através da história:

* A versão heliopolitana, redigida pelos sacerdotes de Heliópolis para os faraós, encontra-se em alguns sarcófagos, estelas, papiros e tumbas das dinastías XI, XII e XIII, ainda que a essência prove de escritos primitivos.
* A versão tebana, escrita em jeroglíficos (e depois em hierático) sobre papiros, esta dividida em capítulos sem uma ordem determinada, ainda que a grande maioria tena um título. Usada durante as dinastias XVII, XVIII, XIX, XX e XXI já não só pelos faraós mas também por cidadãos.
* A versão saita deu lugar a sua máxima expressão na Dinastía XXVI do Egito, onde se fixaram a ordem dos capítulos, que vão permanecer invariáveis até o final do período Ptolemáico.

Dyedefhor, que gozou de grande fama como sábio e adivinho, é considerado o autor da prece do Livro dos Mortos pela tradição.

Até agora se conhecem um total de 192 capítulos, mas sua extensão é muito desigual. A extensão dos papiros variava segundo o poder adquisitivo da cada difunto, e uma vez que foi se popularizando, as versões mais econômicas eram realizadas 'em série' pelos templos e depois recheadas com o nome do comprador. A sucessão de fórmulas, sem ordem alguma e que chegam a variar de uns exemplares a outros têm, no entanto, uma lógica interna. Segundo o egiptólogo francês Paul Barguet, o Livro dos Mortos pode dividir do seguinte modo:

* Capítulos 1-16: "Sair ao dia" (oração); marcha para a necrópolis, hinos ao Sol e a Osíris.
* Capítulos 17-63: "Sair ao dia" (regeneração); triunfo e alegria; impotência dos inimigos; poder sobre os elementos.
* Capítulos 64-129: "Sair ao dia" (transfiguração); poder manifestar-se sob diversas formas, utilizar a barca solar e conhecer alguns mistérios. Regresso à tumba; julgamento ante o tribunal de Osiris.
* Capítulos 130-162: Textos de glorificação do morto, que devem ser lids ao longo do ano, em determinados dias feriados, para o culto funerário; serviço das oferendas. preservação da momia pelos amuletos.
* Capítulos 163-190: é um complemento de todo o anterior.

Capítulo 125

Talvez o capítulo mais famoso e importante do Livro dos Mortos, titulado "Fórmula para entrar na sala das duas Maat", no qual o difunto se apresenta ante o tribunal de Osiris. E superada a prova possa continuar seu caminho no mundo dos mortos, a Duat, até atingir os férteis campos de Aaru.

Este capítulo, de notória complexidade e extensão, contém os telefonemas "Confissões negativas", declarações de inocência que o difunto realizava ante os deuses do tribunal a fim de justificar suas ações pessoais, o que explica a grande importância moral que este capítulo significava para os antigos egípcios.
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